Papo Alternativo com Marcelo Durham

Por: Vinícius Aliprandino

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

Há alguns anos o cantor e compositor, Marcelo Durham levava seu trabalho solo ao alcance do público. Um álbum com oito faixas, que carregavam as influências que o músico adquiriu em sua vida.

Iniciado no rock através de Rolling Stones e Yes, o cantor teve, mais tarde, contato com o Punk e depois com o rock nacional.

Durante 10 anos, Durham foi baixista da banda Ganeshas. Nesse período, aprendeu muita coisa da música e percebeu toda a bagagem política, comportamental, cultural e de convivência que uma banda pode ensinar e representar. Com o fim do grupo, Marcelo optou por dar continuidade na carreira, mas dessa vez, em formato solo.

Influenciado por Marcelo Camelo, Lulu Santos, e outros nomes da música nacional, o cantor gravou, em 2015, o álbum “Solus“. “Depois que o Ganeshas acabou, eu decidi que antes de trabalhar, gravaria minhas músicas. E foi o que eu fiz. Fiquei isolado por um mês e meio e fiz o disco inteiro sozinho“, explica o cantor.

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Arte de capa: André Hawk – Meduzza

O trabalho de composição, arranjos, produção, gravação, mixagem e masterização de “Solus” ficaram tudo a cargo do próprio Marcelo, e de sua produtora fonográfica -a Red Rec, localizada no Rio de Janeiro.

Formado em publicidade e com MBA em Gestão de Entretenimento, o artista conhece muito do mundo musical, sabe onde pisa e se prepara para gravar e lançar o sucessor de “Solus“.

Para conhecer melhor seu trabalho, o Papo Alternativo realizou uma entrevista, na qual Durham nos contou a respeito de seu início no mundo da música, suas influências, De Volta Para o Futuro, o mundo da música, planos, expectativas e muito mais. Confiram esse papo alternativo logo abaixo.

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

(Papo Alternativo) Marcelo, pra começar conta pra gente quais são suas influências, como e quando você entrou no mundo da música?

(Marcelo Durham)
Só fui me dar conta de como eu entrei no mundo da música após meus 20 anos. Eu lembrei que queria imitar a última cena do filme “De Volta Para o Futuro”, meu pai tinha um baixo qualquer sem marca, em casa, e, por acaso, esse baixo era vermelho, a mesma cor que a guitarra no filme. Presumi que fosse uma guitarra e perguntei se podia brincar com ela. Meu pai disse que não porque era um baixo, não uma guitarra, mas ele me deixou mexer.

Eu tinha nove anos de idade, desde então nunca mais parei de tocar baixo – já são 21 anos tocando. Meu pai me ensinou “Start Me Up” no tom errado (risos) e um o riff de uma música do Yes. Minhas primeiras influências musicais vierem dele. Muito rock progressivo, Michael Jackson, Queen, The Police – coisas gringas anos 70 e 80. Depois minha irmã me apresentou The Offspring e o Punk Rock, me tirando um pouco da asa do meu pai. Foi nesse período que conheci Red Hot Chilli Peppers, uma banda que acaba sendo importante para muitos baixistas, devido as habilidades criativas do Flea no baixo.

Só então, um pouco mais velho, por volta dos meu 17 anos, que através de amigos como Caio, Brenno e Keleta (ex-Ganeshas), que fui apresentado ao imenso universo da música brasileira. Antes eu ouvia, no máximo, alguma coisa solo da Rita Lee e uma música ou outra do Lulu Santos. Também foi nessa época que me apaixonei por Beatles.

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

(Papo Alternativo) Além da carreira musical, você possui algum outro projeto?

(Marcelo Durham) Vale ter jogado 6 anos de basquete pelo Flamengo na categoria de base? Eu nunca tive um estudo formal de música, no máximo algumas aulas teóricas bem básicas, quando eu estava no colégio e cantava no coral da escola. Mas nessa época não gostava, provavelmente porque eu era obrigado. Todos os instrumentos que sei tocar foi como autodidata. Fiz faculdade de Publicidade e recentemente terminei o meu MBA em Gestão de Entretenimento.

Fazer música é minha paixão, mas eu trabalho como, produtor musical e engenheiro de som. Assino através da minha produtora fonográfica “Red Rec”. E trabalho com outras produtoras como a “Nomadis” e a Meduzza, também aqui do Rio.

Como músico, toco baixo e guitarra para outras pessoas. Ocasionalmente sou substituto do baixista do “Bloco do Sargento Pimenta“. Gosto muito de tocar no teatro, onde tive oportunidade de fazer minha primeira direção musical, ao lado de Pablo Paleologo, no espetáculo “Cinco Julias” de Matheus Souza no começo de 2016.

Em uma parceria anterior com Matheus, tive oportunidade de compor e gravar toda trilha sonora de um longa-metragem dele chamado “Tamo Junto“. O filme estreou em dezembro ano passado nos cinemas. Esse projeto me levou ao “Festival de Cinema de Gramado” com o filme concorrendo a prêmios, incluindo melhor trilha sonora. Foram 23 musicas no total, e toda essa trilha foi feita da mesma forma que meu disco, eu sozinho gravando todos os instrumentos.

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Arte de capa: André Hawk – Meduzza

(Papo Alternativo) Você tocou na banda Ganeshas por 10 anos. O que você percebeu de diferença na questão de experiência musical nesse período?

(Marcelo Durham) Nesses 10 anos de Ganeshas, percebi que ter uma banda ensina muito sobre relações pessoais, da “politicagem” ao respeito, tolerância e irmandade. Uma banda poderia ser vista como um curso de faculdade. No meu caso foi um curso de 10 anos. Nesse meio tempo pude presenciar muitas mudanças no cenário de musica independente no Rio de Janeiro. Em parte por questões econômicas com casas de shows abrindo e fechando, mas também em grande parte a evolução da internet. Para mim foram dois fatores fundamentais ao longo de período.

O corporativismo e a monetização da internet afetaram o cenário consideravelmente do que era antes de 2005, onde, bandas nacionais eram descobertas ao acaso, em meio à artistas internacionais, quando as pessoas baixavam musicas no “Napster” e derivados.

Hoje eu vejo as bandas pagando por publicidade voltada para seus amigos no Facebook. Antes as bandas pagavam estúdio de ensaio, hoje são clientes do Youtube, virou um desdobramento do que era o rádio no passado. Você paga para ter views para receber dinheiro por ter muitos views. Não é conceitualmente muito diferente do “jaba”, só que legalizado (risos). A internet também acabou sendo responsável pela volta dos artistas brasileiros cantando em inglês, possivelmente almejando alguma “viralização” internacional de seu vídeo no Youtube.

Outra mudança muito clara é no tipo de som, quando formamos a Ganeshas, a alta estava com o Punk Rock nacional, com bandas como “CPM 22”. De lá pra cá, muitos derivados de Marcelo Camelo. Carreira solo, deixaram o cenário com uma espécie de resgate da suavidade da Bossa Nova. Muitos artistas solo fazendo esse estilo, uns bem bacanas como o Rubel e todo um ciclo que se formou ao redor dele de bons músicos. Mas existem outros que apenas parecem querer ser cópia do que já foi feito. Enquanto isso, as bandas ou o formato “banda”, parece que perdeu um pouco o espaço. Eu quase sempre prefiro bandas a artistas solo, confesso, sendo artista solo hoje.

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Crédito da foto: André Hawk – Meduza

(Papo Alternativo) Como foi a repercussão de “Solus” e o que o público pode esperar de diferente no novo trabalho?

(Marcelo Durham) Depois que o Ganeshas acabou, eu decidi, que, antes de trabalhar, gravaria minhas músicas. E foi o que eu fiz. Fiquei isolado por um mês e meio e fiz o disco inteiro, sozinho.

O impacto não foi estrondoso como era de se esperar. Era algo menor do que o Ganeshas, mas eu fiquei muito satisfeito e feliz com resultado do disco e da recepção das pessoas. Logo de início saíram duas matérias no Globo On-line e alguns fãs da minha antiga banda encararam como um terceiro disco do Ganeshas, ou um disco meio lado B. Existem ali músicas, que eu queria ter colocado no segundo disco da banda.

Ao longo do ano passado, a resposta foi gradualmente aumentando e acredito que há agora uma expectativa para o segundo disco. Algo que não poderia haver no “Solus”, já que fiz tudo meio as escondidas e sozinho. Essa espécie de pressão do segundo disco, pode ser boa e ruim ao mesmo tempo, mas também me coloco essa pressão, pois quero que o segundo seja uma evolução do primeiro em termos de composição, arranjo e produção.

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

(Papo Alternativo) Quais as expectativas para o novo disco? O que você pode adiantar pra gente?

(Marcelo Durham) Estou exigindo mais de mim. Certamente vai ser diferente do primeiro. Quero ter muitas participações dessa vez, mas essas ainda são segredo. Inclusive a banda que toca comigo nos shows, já ajudou muito em uma das musicas. Levei pro ensaio e mostrei pra eles. Fiquei muito surpreso de como a musica cresceu com input deles. A banda é composta por Felipe Genes (ex-Ganeshas) na bateria e Rafael Ruivo no baixo, são excelentes músicos e eu sou muito grato deles estarem ao meu lado.

As expectativas musicais para o segundo disco são altas, eu quero tudo mais. Outras pessoas participando, mais guitarras, mais agressivo – não o tempo todo, ainda haverá lugar para momentos intimistas aqui e ali. Almejo que esse disco cause mais impacto do que o primeiro, porém sem tirar o pé o chão. Lembrando que sou só mais uma formiguinha em um ambiente vasto e prolífero, que é o cenário independente carioca. E sem qualquer pretensão além de tocar e me divertir.

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

(Papo Alternativo) Além do disco, quais os planos que você tem para 2017?

(Marcelo Durham)
Para o ano de 2017 eu espero lançar esse disco e botar na internet para quem quiser se dar ao trabalho de ouvir. Adorei trabalhar com o teatro ano passado. Quero explorar mais esse universo e fazer mais direção musical, além de expandir a “Red Rec” com mais trilhas sonoras para filmes, produzir outras bandas – coisa que quase não fiz ainda – e produzir o disco de uma cantora. Que também é uma ótima atriz. Ela vai ser gigantesca, ela já incrível e é gigante de alma, mas queria levar a grandeza dela para mais pessoas. Espero em algum momento ter força e meios para fazer ela chegar as pessoas, mas se não eu, que outro o faça. Esses são meus planos pra 2017, juntos a muita paz e tranqüilidade pra viver.

 

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Crédito da foto: André Hawk – Meduzza

 

 

Confiram o disco “Solus” de Marcelo Durham no link abaixo e acompanhem o trabalho do músico através do site e da página oficial no Facebook do cantor.

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