Por: Letícia Moraes
A cantora do interior paulista Anná está na divulgação de um EP que conta com 4 faixas, “Pesada”. Todas as músicas abordam um mesmo tema: aceitação. Buscando criticar a intolerância e o machismo ligados à aparência física feminina.
A cantora que já sofreu de bulimia em outros tempos, decidiu criar letras que retratem fragmentos de sua vida. Apesar dessas letras críticas e fortes, deixou a entonação rítmica ser invadida pelo samba, maracatu, xote e baião.
A voz divina de Anná se combinou ao violão de Samuel Silva, bateria de Matheus Marinho, baixo de Bruna Duarte, percussão de Pedro Romão, trombone de Allan Abbadia, pífanos de Júnior Alves e os coros de: Mariana, Ana Beatriz, Rafaella, Isabella, Gabriela, Catarina e Lucas.
A mixagem do trabalho contou com auxílio de Pedro Romão. A masterização ficou à cargo de Homero Lotito e o trabalho foi gravado no Estúdio 185. Contando com direção musical também do Samuel Silva.
Vamos trazer uma resenha que declare as sensações vivenciadas ao ouvir esse trabalho, que com muita audácia faz jus aos direitos de liberdade de muitas mulheres, e engrandece Anná como artista e pessoa.
Daqui: Os instrumentos se encontram aos poucos, em perfeita sintonia e mesclando estilos. A abertura do EP elogia grandes nomes da música, mas dá vida à nomes de nossa terra, endeusando a música brasileira. Até mesmo a voz de Anná se enquadra e atua conforme a música amansa ou cresce. Um som tipicamente brasileiro e dançante.
Grosse: Música retratada em francês que recria os sete anos de idade de Anná, quando ela sofreu preconceito na aula de balé por ser gorda. Um ritmo alegre para mostrar o meio opressivo que algumas bailarinas vivenciam. Foi após uma dessas apresentações de fim de ano que a própria mãe de Anná resolveu que iria coloca-la em uma nutricionista, pois ela estava “enorme” perto das outras. Depois de anos ela passou a se aceitar.
Linha vermelha: Canção em que a voz da cantora mais faz jus ao seu grande talento, onde se encontra pela alma. O ritmo e a letra se combinam, contando mais uma tocante história, que nos faz presenciar o ardor do que o preconceito é capaz de realizar. Fazendo comparações da realidade com metáforas singelas e fugazes.
Carta à boa forma: Canção que tenta mostrar a dor que algumas mulheres sentem ao se olhar no espelho, por rejeitarem seus corpos devido às exigências sociais retidas nesse conceito. Por ter sofrido com a bulimia, a cantora sabe bem o que é sentir vergonha de ser quem é. Mas mostra como é ideal se aceitar e o quanto isso pode ser delicioso. O ritmo segue o fluxo contagiante de todo o EP, algumas vezes nos fazendo sentir entre as marchinhas de um carnaval.