Por: Letícia Moraes
Com humor, crítica e coragem, o rapper Jeza da Pedra faz junção de umbanda, afrobeat, soul e sons do subúrbio carioca, o que deixa sua música totalmente abrasileirada.
Jeza surgiu da sua necessidade de expressar sua voz. Filho de mãe retirante nordestina e bisneto de escravos mineiros alforriados, ele nasceu e foi criado no Complexo da Pedreira, em Costa Barros. Passando boa parte de sua infância e adolescência no bairro da Zona Norte do Rio com pior IDH da cidade.
Sua criação musical se deu entre igrejas neopentecostais, bailes funk e rodas de samba, uma combinação incomum, mas que tornou Jeza o artista que é atualmente. Aos 14 anos participou do projeto “Adolescente no Mundo do Trabalho”, da ONG carmelitana São Martinho, o que possibilitou seu ingresso na Escola de Música Villa Lobos.
Em junho desse ano ele lançou seu primeiro EP “Pagofunk Iluminati”, trabalho produzido por Juan Peçanha e mixado e masterizado por Cairê Rego. O show de lançamento do seu EP, no Coletivo Éden, contou com a participação da orquestra Afrojazz e teve registro em áudio e vídeo, sendo lançado aos poucos em forma de EP ao vivo.
O seu projeto tem direção artística de Luana Moussallem, Tarek Naba’a e Eduardo Santana. A primeira faixa lançada é “Abafar Loló”, uma mistura de “Realce” de Gilberto Gil, com canções nacionais que falam abertamente sobre drogas. Um afrobeat moderno com pitadas de R&B, uso de autotunes e o destaque da voz de Jeza.
“A minha necessidade de ficcionalizar a escassez da realidade e transformá-la em matéria onírica é o que me inspira a criar. A necessidade que eu tenho de manter a minha voz ecoando no tempo a despeito da finitude da vida.
Mais especificamente, porque não tem nada na vida que eu me identifique mais do que fazer o que eu faço”, explica Jeza.
Confira a versão ao vivo de “Abafar Loló”: