Por: Letícia Moraes
Federico Puppi, italiano radicado no Brasil emerge em sua musicalidade, vivenciando cada local por onde passa. Violoncelista e produtor surge com o single “Ciranda dos Náufragos” pelo selo Sagitta Records, a canção relaciona-se ao vai e vem do mar e aos imigrantes com suas tormentas que exigem o reconhecimento de um novo lar.
Dirigido, filmado e editado por Almir Chiaratti, o vídeo cria uma nova amplitude à Puppi. Sua imagem é exibida em prédios e a cidade é exibida em seu reflexo. Mostrando como se ele fosse o náufrago, aquele que está em todo lugar. A ideia surgiu em uma mesa de botequim, na Lapa, após um show.
O vídeo se construiu com poucos recursos técnicos e um excesso digno de criatividade. A dificuldade esteve em encontrar edifícios com superfícies livres e que fossem alcançáveis pela projeção. Além disso a canção faz uso da técnica do pizzicato no violoncelo, que é quando se toca as cordas com os dedos e não com o arco.
O pizzicato tem algo de tribal e natural, o que faz a música evoluir ao ponto de se assemelhar a uma dança de roda. O timbre do cello chega próximo ao da rabeca, e as percussões pulsam o som dando um toque especial. O clipe contou com a participação de Suzana Nascimento (direção e interpretação), Guto Carvalho Neto e Desirée Bastos (figurino). Foi gravado no estúdio Leandra Benjamin e Sofia Ibarguren, contando com o urbanismo da cidade do Rio de Janeiro.
A faixa foi composta pelo próprio Federico e contou também com a presença de Lancaster Pinto (baixo), Felipe Roseno (percussão) e Mário Wamser (violão de aço). A música foi gravada no estúdio Ouvido em Pé (RJ), com percussões gravadas no estúdio Roseno’s House (SP). Foi mixada no estúdio Toca do Mendigo (RJ) e masterizada por Andrea Bernie de Bernardi no estúdio Eleven Mastering (Itália).
“A minha não é uma ciranda pernambucana musicalmente, mas ela é uma dança em homenagem aos náufragos urbanos: os perdidos, os que não são considerados, os que não são vistos. Os náufragos que povoam as cidades, que são em cada canto. Os marinheiros que perderam o barco e ficaram encalhados nas ruas da cidades. Os náufragos dentro da cidade, a cidade dentro dos náufragos”, diz Puppi.