Os contos e desencontos das crônicas de Karollyna Basques

Por: Vinícius Aliprandino

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Entre contos, encontros, “desencontos”, desencontros, fragmentos e heterônimos, ideias, sentimentos, experiências, convivências e mudanças; um pano de fundo é costurado pela vida, de modo que dê roteiro a um filme, uma peça de teatro ou mesmo um livro, baseado em sonhos, ou em fatos reais. Daí é um passo para contar ou cantar seu sentimento ao mundo, através da arte. Ela que liberta e possui inúmeras formas de ser expressada.

Uma atividade humana que transmite e se manifesta, com formas estéticas e comunicativas, com as mais variadas linguagens. Música, pintura, arquitetura, cinema, poesia, crônicas e demais formatos, são canais por onde a arte pode ser expressada.

Como citamos a crônica é uma dessas inúmeras possibilidades. Karollyna Basques, escritora, poetisa, cronista, estudante de jornalismo, nascida na cidade Primeiro de Maio no Paraná, mas que reside atualmente em São Paulo mais precisamente, na cidade de Franca, utiliza da escrita como uma maneira de não apenas se expressar, mas também escreve porque se sente bem com isso.

A escritora já participou de uma entrevista, aqui no Papo Alternativo, em um bate papo a respeito de suas poesias. De lá pra cá, naturalmente, muita coisa não apenas mudou, mas foi somada a bagagem cultural e social de Basques. O que permitiu ela explorar a escrita ainda mais a fundo.

Ao longo do tempo, mais precisamente desde a época em que realizamos a entrevista com Basques, a escritora conta que houve uma acentuação da maturidade, e maneira natural, devido a mudanças em sua vida. “Percebi que houve uma acentuação de minha maturidade. Coisas acontecem todos os dias, e basicamente e um único ano, tudo a minha volta mudou por completo, o que gera novas inspirações causadas pelo novo âmbito social que estou vivendo atualmente“, explica a escritora.

Apesar de acompanhar alguns nomes, que a inspirem na escrita, Karollyna possui receio de que isso possa influenciar de modo a afetar o modo de escrever e exteriorizar suas criações.

“Não tenho lido tanto quanto gostaria, mas aprendi mais a respeito de Guimarães Rosa e sua forma de escrita, e também acompanho as publicações da Revista Bula, onde admiro e me encanto com as crônicas feitas por Eberth Vêncio (médico e escritor), o que muito me inspira também. Porém, apesar de gostar e apreciar imensamente a leitura, tenho medo que isso me cause influência na hora da minha própria escrita, afetando a minha verdadeira forma de realizar minhas criações”, conta.

Na hora de pensar em cada linha e passar sua forma de ver o mundo para o papel, a escritora é muito observadora. Se atenta aos detalhes. Cada situação presenciada já serve para dar vida a uma história.

“Gosto muito de observar e absorver as coisas a minha volta. Pequenos detalhes, como por exemplo, uma pessoa dirigindo e falando ao telefone. Na minha cabeça, isso já vira uma história mirabolante, que talvez de início não faça tanto sentido, mas no fim, sempre tem uma “moralzinha” escondida para anunciar”, 

Porém nada tão simples e direto, que esteja engessado, de modo que não permita outras interpretações diante da crônica. Basques gosta que suas palavras alcancem novos significados, em outras cabeças, que tenham vivido outras experiências.

” Não gosto de escrever as coisas de forma clara e simples, gosto que o leitor pense a respeito do que está sendo dito, e tente examinar as entrelinhas, dessa forma, a história não fica somente presa a mim, mas também permite que quem esteja lendo, crie sua própria base ou metáfora em cima disso”,

Uma artista que atua em vários formatos, Karollyna sabe bem onde pisa e, não apenas se dá conta da diferença de escrever, como também sabe passear entre cada uma dessas modalidades, da maneira tão natural quanto foi o desenvolvimento da sua maturidade ao longo desse tempo. Nas palavras mais descontraídas do formato, a cronista tem espaço para alcançar e desfrutar de passos maiores e mais livres, ditando assim, com maior facilidade as direções do texto.

“A poesia é cantada, tem um ritmo envolvido. A entonação causada através da linguagem poética, também determina a sobriedade do que está sendo recitado. Já na crônica, me sinto livre tanto para rimar de forma descontraída, quanto para usufruir dessa liberdade e misticidade que ela me possibilita. Em ambas eu sigo minha linha de escrita, presando sempre a conexão que o leitor vai ter através do contato com minhas palavras” explica a escritora.

Confiram abaixo alguma das crônicas de Karollyna, escolhidas a dedo, em parceria entre a cronista e o Papo Alternativo. Abaixo dos textos, a escritora realizou uma explicação do significado de cada uma as poesias.

 

 


 

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“Eu sinceramente, AMO essa crônica! Quando leio, tenho a sensação de que foi outra pessoa que escreveu, ou no caso, uma outra parte de mim que se mostra apenas quando vou criar. As palavras vêm, e no fim, sempre fazem, sentido. Trata-se das coisas que são complementos umas as outras, e de um “eu” interior, que basicamente não é reconhecido nem por mim, nem por muitos, talvez, por ninguém. É realmente um “cair, sem ninguém te ver”. Só é exibido no apelo dos meus textos, mas que gera um heterônimo sem nome, mudo, que não diz, mas reflete o que vê. É um pensamento.”

 

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“Essa crônica é um pouco complexa de entender suas entrelinhas. Diz respeito a uma despedida que estava acontecendo, porém, sem ter um movimento de transitar-se de um lugar para o outro. Existe uma tensão e também, a visão turva do narrador. Diz que haveriam mudanças, mas nada seria esquecido, tudo permaneceria na memória. E nessa caminhada intelectual de movimentação e mudanças, acompanhada de outros personagens que não teria certeza se era realmente real ou invenção de seu delírio. Essa mudança trata-se de seu medo e da falta de coragem de se fazer ou ser algo, por isso diz “um eu, que eu jamais seria”. Era tudo ilusão.”

 

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“Bom, essa pequena crônica diz respeito ao “deixar-se pertencer ao outro”. Inevitavelmente somos seres carentes, cuja insegurança não nos permite tamanho acesso ao que nosso coração pede. Muitas vezes a “solidão” que nos é cravada, permite que conheçamos a nós mesmos de forma ampla que, ou nos ajuda com a segurança interior, que permite a chegada de um outro alguém, ou nos é suficientemente bom, pelo encontro com o amor próprio.

Por isso é “consentimento”, de CONSENTIR, DEIXAR, que algo aconteça. E “com sentimento”, porque tem que ser REAL!”

 

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Esse é um de meus heterônimos, Affonso C., que se diz professor, porém, apesar de tantos gritos e surtos, poucos, ou quase ninguém o escuta. Suas ideias são feitas para mentes futuristas, então poucos conseguem acompanhar suas linhas de raciocínio. Psicólogos e analistas com certeza diriam que ele é um tanto quanto imperativo, por insistir em contar e rodopiar sobre suas ideias. Affonso admira o amor, apesar de não ter aprendido a amar, mas aprendeu a apreciar, o que já é um belo começo. E ele também é incrédulo de como a sociedade pode ser egoísta perante uns aos outros. “Desinteresse humano na humanidade”.

Acompanhem o trabalho de Karollyna Basques, através da página oficial da escritora, no Facebook.

 

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