Por: Vinícius Aliprandino

Com o grito forte que proclama “Colônia! Teus filhos já estão de pé. Mais um dia se inicia na colheita do café. Pesado é o fardo – e o gosto amargo”, a El Efecto dá o pontapé inicial na trilha que se desenvolve ao longo das sete faixas nos próximos 45 minutos, no disco “Memórias do Fogo”.
O nome do álbum homenageia a transformação que a descoberta do fogo trouxe para a humanidade. Além dessa homenagem, o nome do álbum é uma busca por uma transformação atual.
O fogo que a El Efecto quer acender é para causar um incêndio de mudanças. A banda traz a proposta de queimar a inércia e a desinformação. Vem para acender o pavio da busca por um mundo melhor, com questionamentos e informação.
E a bagagem cultural que “Memórias do Fogo” põe fogo ao som de vários ritmos, indo do samba ao metal. A chama cultural não queima apenas com base na música. O nome do disco também faz referência na trilogia “Memória do Fogo”, do escritor Eduardo Galeano, em seus livros que falam sobre a trajetória da América Latina.
“Ritual ocidental de apropriação da cultura
Larga a bomba em Nagasaki, depois faz acupuntura”
A ideia é realmente pegar fogo. Em uma necessidade de inflamar os sentimentos e nunca esquecer que mundo está pegando fogo de uma maneira negativa, e que precisa receber as chamas positivas, com lutas coletivas, poesia, música e outras formas de arte e cultura, no combate a opressão.

O significado amplo e profundo do nome do disco vai ainda mais longe. Com o fogo, ilumina a memória e nos faz lembrar de várias barricadas erguidas ao longo do tempo, em batalhas que abriram o caminho das mudanças e deram suporte a revoluções.
“Percebemos que, de uma maneira ou de outra, as músicas tinham em comum a referência ao elemento do fogo. E juntas, compunham um painel poético de situações, personagens e alegorias que evocam lutas coletivas contra diferentes formas de opressão, espalhadas em cenários, épocas e realidades distintas. Uma evocação à necessidade mais objetiva de torrar os ônibus, por exemplo, ou à imagem da barricada. A ideia é que cada uma das músicas pretende ser uma chama, pra esquentar, pra botar lenha na fogueira, pra incendiar nossos corações”, comenta Bruno Danton – responsável por uma das vozes, pelo violão e a viola na El Efecto.
E como a luta para o bem geral se faz em coletivo, com aliados em prol de o mesmo objetivo, “Memórias do Fogo” conta com participações especiais – Aline Gonçalves, Gabriel Ventura, Ingra da Rosa, Helen Nzinga, Nina Rosa, Thiago Kobe, Daíra, Uirá Bueno, Bernardo Aguiar, entre outros, participam, cada um colocando a chama ardente de seu coração, neste trabalho da El Efecto.
Para a banda, a música vai muito além do entretenimento. Ela serve como militância, em uma forma de chamar, dar forças, questionar e lutar.
“Acreditamos na música como forma de militância, um meio de organizar os sentimentos de indignação diante da injustiça social e das diversas formas de opressão, uma forma de estimular e abraçar as iniciativas de luta e, ao mesmo tempo, de nos sacudir, questionar o encaminhamento das nossas vidas, nossos gestos. Enfim, é uma trincheira para respirar, sentir, refletir e seguir ganhando terreno no confronto contra o massacre”, conta o baterista Gustavo Loureiro.
Recentemente a banda lançou o clipe da música “O Drama da Humana Manada”, que teve a montagem de Luka Melero, as imagens captadas por Duda e Iuri Gouvêa A parte de assistência de edição também ficou a cargo de Iuri Gouvêa.
As gravações foram realizadas por Tomás Alem (Estúdios Toca do Bandido e MK Estú- dio) e Patrick Laplan (Estúdio Fazendinha) no Rio de Janeiro/RJ.
A mixagem ficou a cargo de Tomás Alem no Estúdio Aura – exceto “Chama Negra”, que foi mixada por Gustavo Loureiro. Já a produção musical ficou sob a responsabilidade de Patrick Laplan, Tomás Alem e da própria El Efecto. A produção executiva é de Iuri Gouvêa, enquanto que a masterização foi feita por Robert Carranza, em Los Angeles, na Califórnia, nos EUA.
As sete faixas que integram o álbum são: “Café“, “O Drama da Humana Manada“, “Carlos e Tereza“, “O Monge e o Executivo“, “Chama Negra“, “Trovoada” e “Incêndios“.
“Haja coragem!
O fogo, ele agoniza mas não morre
Aja!
Coragem!“

A capa, as artes gráficas, os conceitos e as ilustrações do disco buscam sintonia entre a música e as imagens. Quem ficou responsável por toda esta parte do trabalho foi o artista visual Rafa Éis.
No fronte da El Efecto estão Tomás Rosati (voz, cavaquinho e percussão), Cristine Ariel (guitarra, cavaquinho e voz), Tomás Tróia (guitarra e voz), Gustavo Loureiro (bateria), Bruno Danton (voz, violão e viola) e Eduardo Baker/Pedro Lima (baixo).
Confiram o álbum “Memórias do Fogo” nos links abaixo e acompanhem o trabalho da El Efecto, através da página oficial da banda no Facebook.