Por: Vinícius Aliprandino

O empoderamento feminino a cada dia ganha mais força. A sociedade, ainda muito machista e carregada de preconceitos, aos poucos, vai despertando e percebendo os erros cometidos com as mulheres ao longo dos tempos.
Entretanto, ainda tem muito caminho a ser percorrido e todo dia é necessário que se trave uma luta diária. Desde pequenas até grandes atitudes para desconstruir esses males. Não apenas da parte delas, mas também deles. A violência praticada contra as mulheres ainda existe de maneira muito forte na sociedade e isso deve ser combatido.
De acordo com o levantamento realizado pelo jornal Correio Braziliense, com base nos dados fornecidos pelo Ligue 180, no Brasil, entre julho e dezembro de 2018, foi registrado um aumento de 63% dos casos de feminicídio e um crescimento de 46% dos casos de tentativa do crime, em relação aos números do mesmo período, em 2017. O canal também registrou um aumento de 25,3% das denúncias de agressões contra mulher, na comparação com todo o ano de 2017.
Inspirada pela causa, a banda de horror punk, Viborah, soltou seu grito de revolta, ao modo punk e horror que tem que ser. E, se já faz parte da veia do punk, ser crítico, quando o senso se une ao horror, a situação pode ficar ainda mais tensa e forte.
A banda de Santo André-SP, lançou recentemente o clipe da música “Vingança”. A letra da canção conta a respeito de uma garota que foi violentada e agora busca uma punição contra seus agressores.
De acordo com a banda, a música tem influência do filme “Doce Vingança” e “A Vingança de Jennifer” – cujo nome original em inglês é “I Spit In Your Grave” (na tradução: “eu cuspo no seu túmulo“. E se tratando de “grave”, o nome do filme combina ainda mais com o estilo mórbido do horror punk.
Buscando a união entre as mulheres, a canção fala sobre não deixarem que os agressores fiquem impunes e para que estejam juntas e atentas, a fim de se defenderem, antes de qualquer violência contrária.
“A mensagem que a música quer passar é que as mulheres não devem deixar barato. Somos fortes e devemos cuidar umas das outras”, explica a vocalista e guitarrista “Roberta Nascimento”.
Foto por Roberta Nascimento (Beta Fotografia 138)
E se a vingança é um prato que se come frio, nada mais justo do que o clipe trazer a sensação de um ambiente gelado. Para complementar, os tons escuros dão um clima ainda mais horror punk ao vídeo – o destaque fica para a guitarra cor de rosa de Roberta, que contrasta a cor viva com a frieza de todo o trabalho.
A canção e o clipe têm início com o baixo de Luis Barbossa – seco, sério e direto ao ponto. Em seguida, a guitarra de Roberta busca seu lugar no palco ecoando a distorção das notas, enquanto caveiras são colocadas na bateria de Robson Nascimento, ainda na introdução, para, na sequência, toda a velocidade hardcore, conduzida pelas batidas das baquetas, ter início.
A poesia fria vai sendo declamada pela vocalista, contando a trágica historia, para então poder fazer jus ao nome da faixa – “Vingança”:
“Lembra daquela vez, você disse para não gritar. Aquela garota não teve como se vingar. Mas agora estou aqui, não vou deixar escapar. Agora todo o seu sangue eu vim tomar”
A música foi gravada e mixada por Lau Andrade, na Conspiração Records. Já a parte de edição, produção, direção e roteiro ficaram a cargo de Wellington Belarmino e Genildo Rodrigues, da banda Zumbi Holocausto. A gravação do vídeo aconteceu no Studio Pub, em Santo André-SP.
“Vingança” mais do que apenas revidar, é um chamado de atenção para todos os erros cometidos no passado e na atualidade, contra as mulheres. É um alerta para que antes de uma desforra, homens tenham a consciência de seus atos falhos e não voltem a praticá-los. É um convite a aprender e desconstruir estruturas tortas, que sustentam a sociedade, atingem, primeiramente as mulheres e, de certa forma, fazem respingar o sangue em todos.
Confiram o clipe de “Vingança” no link abaixo e acompanhem o trabalho da Viborah, através da página oficial da banda no Facebook.