Por: Vinícius Aliprandino
O rapper Yannick Hara, segue em sua caçada a androides reais, da nossa sociedade e buscando o despertar, escutar, enxergar e gritar contra os problemas que rodeiam a vida – uso desenfreado e irresponsável da tecnologia, política, preconceito, injustiça social, exploração, escravidão, violência, depressão, apatia, raiva, medo, sufoco, entre outros.
Desta vez, o músico lançou mais um single, agora passeando por outro ritmo musical, mas sem deixar de lado o rap, tão presente e forte em seu trabalho. A música escolhida para vir a público e sacudir a mente de quem se deparar com o trabalho do artista, foi “Caótico Distópico”. A faixa fará parte do álbum “O Caçador de Androides“. que será lançado em novembro.
No novo single, Yannick explora o rap mesclado com altas doses insanas e perturbadoras de pós-punk, influenciado pela banda Bauhaus e pela vontade do músico em expor seus sentimentos e soluções para os problemas.
Assim como as outras faixas do disco, o estilo de denúncia, alerta e desespero são evidentes. Porém, em “Caótico Distópico”, o rapper mostra, fazendo jus ao nome da canção, uma música cercada por caos, refletindo o rumo da sociedade atual.
“Caos”
Rumo este que talvez não esteja assim tão distante. Assim como o artista faz o alerta ao longo da canção, contando sobre um cotidiano tão comum na vida atual. E assim se desenrola a primeira parte da canção. Aqui, Yannick fala sobre o estágio “Caótico”, narrando o dia a dia de um personagem que acorda diante dos problemas atuais da sociedade, cercado por xenofobia, racismo, homofobia, entre outros inúmeros males que assombram não apenas o país, mas o mundo.
A etapa da música reflete a falta de esperança e confusão mental de uma pessoa escravizada pelo dinheiro. Em contrapartida, mesmo apático, a vontade do personagem é a de se rebelar contra as amarras que desperdiçam sua vida.
“Desorientado ele acorda e olha pra si. É mais um dia de raiva e medo. Desordenado ele segue ao trabalho massivo, escravizado pelo dinheiro…“
“Distopia”
Em seguida, durante a etapa “Distópico”, o pós-punk fica mais destacado e se torna rápido e insano. Já inserido na distopia de um mundo onde a vida atingiu um colapso e ultrapassou os limites do aceitável, de modo que, assim como nas palavras do rapper, o mundo chegou a tal ponto que “o futuro é uma criança com medo de nós”, verso no qual Yannick cita trecho da música “Plástico“, do rapper Edgar – amigo e ídolo do músico.
Neste ponto da canção, o personagem acorda de sua inércia, e grita contra aquelas amarras, das quais ele buscava se libertar, expondo as feridas de uma sociedade que falhou tentando submeter todos ao controle da tecnologia e de dogmas.
“Não posso mais me submeter à extrema opressão. Meus irmãos estão morrendo, nossas mães estão chorando…”
Conforme o single se dirige ao final, Yannick demonstra ainda mais seu inconformismo e sua negativa para o atual modelo, com vários “distópico!”, em tons de urgência, diante de tudo o que as classes dominantes tentam jogar goela abaixo da população, a fim de tornar a todos, máquinas prontas para servir a interesses capitalistas.
“Caótico Distópico” foi produzido por Blakbone, nos estúdios da Live Station, e traz influências das músicas do anos 80, com visual gótico e obscuro, pronto para provocar e perturbar quem escuta, a fim de buscar acordar cada um dos seres alienados, da mesma forma como o personagem da música despertou.
Anteriormente, Yannick havia lançado os singles “Blade Runner” e “A Ideal Mão de Obra Escrava” e “Voight Kampff“. Todas as canções, assim como o disco, carregam influências da obra “Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?”, do escritor Philip K. Dick, que originou os filmes Blade Runner – O Caçador de Androides (1982) e Blade Runner – 2049 (2017).
Apesar de todas as canções fazerem referências à cenários fictícios, a música de Yannick não tem nada de irreal. Ela mostra a distopia caótica em que o mundo se encontra. Porém, mais do que apenas buscar pela saída, o rapper também mostra como fazer, sugerindo em alto e bom som, pronto para, não apenas ser compreendido, mas também seguido – um mundo mais ativo, livre de preconceitos, de exploração e da hipnose tecnológica.
Confiram o single “Caótico Distópico” nos links abaixo e acompanhem o trabalho de Yannick Hara, através das páginas oficiais do músico no Facebook, Twitter e Instagram.
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