Por: Vinícius Aliprandino
Os dias tem sido difíceis, a batalha é árdua. Muitas vezes, não dá pra resistir, que escorram lágrimas diante da avalanche de dificuldades e decepções, pelas quais somos atacados.
Com o barulho da chuva, que cai lá fora, mas que também pode ser uma referência a uma tempestade por dentro, a música se inicia. Ela surge calma, com os pingos da água alcançando o chão, já avisando o que vem pela frente, o que vem para dentro, como uma sinfonia que anuncia a guerra interna a ser combatida e vencida.
Em seguida, “Lágrimas na Chuva”, lançada pelo rapper Yannick Hara, em parceria com Rodrigo Lima, vocalista da banda de hardcore, Dead Fish, se coloca diante da solidão, em confronto contra o próprio eu. Aquele que sabota, trazendo à tona a tempestade pessoal, de noites duras, molhadas e frias.
Junto, para fazer valer e acabar com a dor, a mensagem que fica é a de que aquele com longanimidade – ou seja, a qualidade de grandeza de ânimo, a generosidade na coragem de enfrentar as adversidades a favor de alguém – no final verá o sol se abrir com a mudança do interno, refletindo no externo.
“Ao me confrontar, me contrario. Ao me remontar, me purifico. E, na tempestade, a longanimidade nunca é tarde, amanhã virá o sol”
Rerências
A música segue a linha do disco, o qual Yannick vem, aos poucos, lançando singles, inspirada pelo filme Blade Runner. A faixa “Tears In Rain“, de Vangelis, parte da trilha sonora do filme, ao lado de “Jesus Chorou“, do Racionais MC’s, alimentam a riqueza de referências da canção.
Em “Lágrimas da Chuva”, o músico busca a morte do ego. É o ato de se olhar no espelho e brigar contra si próprio, com o objetivo de mudar o seu interior.
A importância da música do Racionais MC’s, se mostra ainda mais forte no trecho “chuva cai lá fora e aumenta o ritmo sozinho eu sou agora o meu inimigo íntimo”, referenciado dentro da canção do artista.

Rap e Punk
Quanto a participação especial, chega para formar uma dupla de músicos afiados, originais , com muito a dizer e com muito pra viver. De um lado, já conhecido, reconhecido, com seu tom crítico, político e atento, Rodrigo Lima, vocalista da banda de hardcore Dead Fish.
Do outro – mas, na verdade, do mesmo lado, a separação serve apenas para explicar quem forma a dupla – com sangue fervendo, novo, em busca de levar sua mensagem, tão profunda, crítica, política, pessoal quanto, é onde se encontra Yannick Hara.
Dois estilos, aparentemente, diferentes. Porém quando estudados mais de perto, são refletidas as duas partes de um todo. O rap e o punk. Críticos, políticos, simples e a voz daqueles que gritam, com uma música que, instrumentalmente, carrega a simplicidade, mas tem a ideia como um mergulho, por águas carregadas do que é necessário falar e trazer para a superfície, a fim de que todos vejam o que se esconde abaixo dos olhos que escorrem tais lágrimas.
Referências, produção e outros trabalhos
Influenciado pelo filme “Blade Runner“, em seu álbum “O Caçador de Andróides“, o músico busca fazer referências entre a história da trama com a atualidade, onde vivemos em uma sociedade distópica, confinada e escravizada em um ode a tecnologia.
A produção da música foi realizada pelo beatmaker Paulo Junior.
Além de “Lágrimas na Chuva”, o rapper já refletiu, com sua temática cyberpunk, abordando o “Caótico e Distópico”, em uma canção pós-punk, marcada pela busca de rebelião e subversão contra o sistema escravocrata e genocida. Caçou e denunciou a hipnose que vivemos, em “Blade Runner”.
Denunciou a situação distópica da atualidade brasileira, em “A Ideal Mão de Obra Escrava” e, complementando o seu trabalho lançado, até o momento, a faixa “Voight Kampff”.
Confiram “Lágrimas na Chuva” e acompanhem o trabalho de Yannick Hara, através da página oficial do músico no Facebook, e do perfil no Instagram.
3 comentários Adicione o seu