Por: Vinícius Aliprandino
Do nascimento e parte da vida em Minas Gerais à vivência atual no Rio de Janeiro. Desses dois recortes locais nasce o EP “Ocê, Oceano”, do músico Anderson Primo, refletindo sobre o íntimo, padrões estéticos, distância e muito mais.
É através de faixas que o cantor leva o ouvinte a um passeio que parte do eletrônico e cosmopolita e deságua no carimbó mostrando o lado interiorano do trabalho.
Para representar os recortes locais dos dois estados brasileiros, que têm total influência na vida e música de Anderson, o artista pensou em transmitir isso até mesmo no nome do trabalho. “Ocê, Oceano” ´uma brincadeira com esses recortes. “ocê” é muito comum no jeito mineiro de se referir a “você”, enquanto que a palavra “oceano” demonstra a imensidão de toda a praia e o mar, em referência ao Rio de Janeiro.

Profundo e íntimo
Apesar de referenciar os estados no título do EP, as palavras “Ocê” e “oceano” não ficam limitada aos locais.
De acordo com o músico, elas servem como reflexão do “eu”, porém, no disco, isso é utilizado na terceira pessoa, como forma de chamar a atenção para pensar a respeito. Já o “oceano” complementa a primeira ideia dizendo respeito a um olhar profundo no íntimo.
“É a relação de você com você mesmo, o oceano dentro de você a ser explorado, descoberto, o encontro de você com seus medos, defeitos, luzes e sombras. É a sua imagem refletida numa poça d’água. Ocê, Oceano é o olhar profundo no íntimo, no interior do interior daquele ser que hoje é e amanhã não é mais”, explica Anderson.
O Papo Alternativo preparou uma resenha faixa a faixa do EP, que mostra a forma de Anderson enxergar o universo, contado e embalado pelos ritmos de Minas Gerais e Rio de Janeiro, em uma viagem por questionamentos, negações, estética e os sentimentos mais profundos.

Faixa a faixa
“Ocê, Oceano”
“Ocê, Oceano” tem início com uma faixa de mesmo nome do EP. Nela, Anderson canta, embalado pela música eletrônica, sobre diversos pontos de vista sobre uma determinada situação.
A ideia da canção é a de que no universo, tudo aquilo que o indivíduo busca para a vida, também está em busca desse mesmo indivíduo. Concluindo que a energia que emanamos ao universo, é a mesma que volta para nós.
“Profano”
Em seguida, “Profano” e sua abordagem sobre libertação, amor, ódio e poliamor, através de um bolero com pegada contemporânea, concedida pela influência da música eletrônica na canção.
“Jackson São Tomê”
A terceira faixa de “Ocê, Oceano”, chega com um jeito rebelde, ritmo agitado de uma música pop, com violão marcante, carregando dúvidas, questionamentos e outras formas de ver diversos acontecimentos.
Além destes, o conceito de beleza também se torna um alvo, quando recebe as críticas pelo fato de que no mundo contemporâneo, as imperfeições são mascaradas e escondidas.
“Aerofobia”
Das linhas do dicionário, em referência ao “horror mórbido ao ar livre e às correntes de ar”, “Aerofobia” é faixa mais calma do EP. A balada conta sobre um relacionamento a distância. O caminho entre os envolvidos na relação tem em seu meio um avião que pode levar cada uma das partes para junto do amor, por mais distantes que possam estar.
“Samba de Preta”
Para fechar com chave de ouro e com ritmo animado, “Samba de Preta” é toda gingada e aqui o carimbó se mostra forte e muito representado. A canção fala sobre uma mulher que por onde passa, transforma tudo e a todos pelo caminho. Os dedilhados das cordas e as batidas da percussão dão vida a uma canção carregada pelo clima tropical brasileiro.

Ficha Técnica
As letras e canções foram compostas pelo próprio Anderson Primo. A produção musical, arranjos, mixagem e masterização são Gleison Túlio (Tramp Stúdio – MG).
Cleber Lúcio da Cunha gravou o trompete, enquanto que Clayton Melquíades da Silva ficou responsável pelo trombone na faixa “Jackson São Tomé”. Claudiomarcus Serafim Floriano tocou os trompetes na canção “Profano”; e Thiago Diniz Figueiredo, Gleison Tulio e Anderson Primo ficaram responsáveis pelas palmas na faixa “Ocê, Oceano”.
Renato Gremião cuidou do figurino e Rafael Haranaka foi quem tirou a foto da capa do EP. Maria Angélica Alonso foi a assistente de fotografia; enquanto que Márcio de Andrade cuidou do design gráfico.
Confiram o EP “Ocê, Oceano” no link abaixo e acompanhem o trabalho de Anderson Primo, através da página oficial do músico no Facebook e do perfil no Instagram.